domingo, 31 de maio de 2020

Zé Cabôclo

Biografia de José Tomaz de Oliveira 
*12|12|1912  +16|01|1998

JOSÉ TOMAZ DE OLIVEIRA (ZÉ CABÔCLO) nasceu na comunidade Angico, (onde hoje é a cidade de  Itaú RN) em 12 de dezembro de 1912, filho de Pedro Anastácio de Oliveira (agricultor e vendedor) e Maria Emilia de Oliveira (Maria Cabôcla), (Doméstica e parteira) eram 10 irmãos desse casamento, por ser o segundo filho do casal, teve que trabalhar cedo na agricultura, aos oito anos de idade, assumindo a responsabilidade de dono de casa, pois o seu pai exercia a função de vendedor, e passava dias viajando ao lombo de animais para vender rapaduras, mel, farinha, algodão e outros cereais nas cidades das proximidades, onde nessas andanças, teve mais dois filhos fora do seu casamento, somando assim 12 filhos.

Zé Cabôclo, como era mais conhecido, casou-se no religioso aos 23 anos de idade, com uma mulher de 20 anos, Arlinda Maia de Lima, (doméstica, parteira, costureira, cozinheira) no ano de 1935, oficializando no  cartório no anos seguinte, assumindo assim uma esposa e os irmãos dela  mais novos, pois a mesma era órfã de mãe e por ser  a mais velha entre seus irmãos, teve que trazer  consigo alguns, sem falar que ele também teve que continuar morando com a mãe dele e os irmãos, porque era ele quem sustentava a todos, com isso, Zé Cabôclo logo assumiu outras profissões para melhorar  a renda da família, como a de pedreiro, carpinteiro, ferreiro, pescador, além de agricultor, também era criador, sem falar que ele mesmo produzia a farinha do consumo, nas tradicionais farinadas da época,  mel de engenho e rapaduras, alfenim  nas grandes moagens que havia,  plantava variadas culturas, como batatas doces, mandiocas, algodão, feijão, milho, arroz, gergelim, etc .

Não deixava nada faltar, pescava nos rios e açudes para se ter uma “mistura”, pois  volta e meia matava um porco ou uma criação de ovinos ou caprinos  e assim ia se sobressaindo,  a família ia aumentando, surgiu, dois filhos e se fazia necessário seu próprio lar, pois onde eles moravam era uma casa simples de taipa e já não dava para aconchegar a todos com conforto, foi então que no ano de 1939 comprou um pequeno sitio, na zona rural do município, onde construiu uma casa de alvenaria, e no ano de 1940 nasce a terceira filha do casal, Maria da Conceição de Oliveira (Biia), pois  Antônio Maia de Oliveira (Totó Cabôclo),  José Maia de Oliveira (Deca Cabôclo) já haviam nascidos no período em que moravam com a mãe dele, com a sua casa pronta foi ai que puderam concluir sua família e vieram todos os outros filhos nascer neste local, Maria Francisca Maia de Oliveira da Silva(Pipia), Francisco Maia de Oliveira (Fransquim Cabôclo), Cícero Maia de Oliveira (em memória), Rita Maia de Oliveira , Paulo Maia de Oliveira, Antônia Maia de Oliveira (em memória), Raimundo Nonato Maia de Oliveira, Maria Madalena Maia de Oliveira Pinheiro, Joaquim Maia de Oliveira, além de uma neta que os mesmos criaram Antônia Maria da Silva.

O tempo foi passando, os filhos foram casando e como o seu  terreno era extenso, logo foi dando permissão aos filhos a construções das  casas nas proximidades para que pudessem morar, o mesmo ajudava na mão de obra, na intenção de manter  todos ali pertinho,  de repente aquela casa que parecia tão distante de tudo e de todos, logo foi ganhando vizinhanças nas  proximidades.

Quando quase todos já haviam casados, os dois foram percebendo que a casa já estava grande demais pra tão pouca gente, foi então que resolveram criar uma neta, filha de sua filha Maria Francisca Maia de Oliveira da Silva e pediram pra colocar o nome em homenagem á filha, á qual havia falecido com poucos meses de vida, e criaram ela como se fosse filha deles, foram eles também quem escolheram os padrinhos da mesma, de todos,  apenas dois deles, Raimundo Nonato e Joaquim Maia optaram em buscar em outro estado e uma melhor condições de vida, e foram para Goiás.

Zé Cabôclo era um homem simples, gostava de mascar, mas não tinha vícios de fumar, nem de beber, não jogava, nem era de farras, apenas era um homem de muita disposição para o trabalho, sua casa era de mesa farta, de tudo se tinha,  os estoques de feijão, milho, arroz, batatas doces, rapaduras, polvilho e farinha, eram favoráveis, sem falar na criação de galinhas, capotes, porcos, ovinos, caprinos, bovinos e outros mais, casa de família grande e ainda recebia muitas visitas, nos fins de semana eram uma festa com tanta gente, filhos, netos, parentes e conhecidos, todos gostavam de marcar presença na casa deles,  ao chegar o final do dia  e inicio da noite era esperado aquele momento de todos sentarem na calçada ou na sala e ouvirem  as histórias de Camões contadas por Zé Cabôclo, enquanto isso debulhavam feijão a luz de lamparina, era um momento oportuno para reunir a família, se reverem e colocar os assuntos em dia.

Sempre com disposição de trabalhar, levou esse legado e ensinamento aos filhos e aos netos, era conhecido pelas pessoas como um homem trabalhador e honesto, fez marco no nosso município, pois foi um dos que ajudou na construção e desenvolvimento do município, trabalhou nas construções das primeiras casas e edifícios, como a construção da primeira capela, na época um vilarejo, também trabalhou nas fabricações de portas, janelas, canoas e caixões fúnebres para suprir as necessidades do município,  trabalhou como ferreiro batendo e moldando os ferros para ferramentas de trabalhos.

É difícil falar em Zé Caboclo e não falar nas grandes  farinhadas da época, pois era um período em que toda a família se mudava literalmente para a casa de farinha, passavam semanas e até mês na lida da casa de farinha, era uma festa, desde o arrancar das mandiocas as raspagens, se estendendo no lavar da massa  pra retirar o polvilho, prensar , torrar e nos afazeres das tapiocas e beijus, foi um tempo de muito trabalho, mas também de muitas farturas, logo se via Zé caboclo nos engenhos, moendo canas de açúcar para a extração da garapa para a fabricação de mel, alfenins e rapaduras, logo se reunião toda a família para executar com sucesso aquele trabalho. 

 A idade foi chegando para os dois e as dificuldades também, já não eram mais aquele casal de saúde e vigor, então decidiram ir morar na cidade, compraram um terreno e construíram uma casa nas proximidades da Maternidade Marcolino Bessa, vizinho a sua filha Madalena Maia, pois a sua esposa Arlinda Maia de Lima já não gozava de saúde, foi um tempo difícil para eles, pois o mesmo continuou com suas tarefas e atividades nos dois terrenos que eles tinham, plantando as vazantes e cuidando do rebanho, enquanto a esposa cuidava das atividades domesticas na cidade e se tratava.

Em 12 de setembro de 1984 sua esposa Arlinda maia de Lima faleceu, deixando uma tarefa muito difícil para todos, pois a mesma  tinha convicção de que com a sua morte, ele não iria quer  morar na zona urbana nem com os filhos, como realmente aconteceu, ele voltou para o sitio Alto Novo, onde morou desde do inicio do seu casamento, esta época a casa já estava isolada novamente, pois quase todos já tinham migrados para a zona urbana em busca de trabalho e melhores condições de vida, apenas um ainda continuava por lá, Francisco Maia de Oliveira (Fransquim Cabôclo) e como a sua casa era mais distante da dele, o mesmo resolveu ir com a família morar na residência com o seu pai, para que pudesse ajudar nas atividades, porém, com pouco tem ele também resolveu ir morar na cidade,  pois em Itaú havia aberto uma industria de castanha e quase todos das zonas rurais saíram a procura de empregos na cidade, o tempo foi passando e ele ali ficando sozinho quase que todo o seu tempo, com exceção dos fins de semana, quando a sua filha Maria da Conceição de Oliveira  ou alguns netos iam para fazer as atividades domesticas, lavar roupas, arrumar a casa e cozinhar uma comida mais requintada.

Com a morte da matriarca Arlinda Maia de Lima, muitos dos seus filhos deixaram de ir para lá por um longo período, porque sabiam que a dor era renovada a cada lugar que olhassem, era uma dor profunda, grande tristeza batia no peito,  ao chegar naquele lugar onde todos nasceram e se criaram e não ter mais aquela que foi a base de tudo, faltava algo, tudo mudou, foi uma grande perca.

Diante de tudo isso, ele se sentiu  solitário, onde antes era um lugar de muita gente, muitas visitas, agora era só ele, diante disso ele se viu na obrigação de arrumar alguém para conviver com ele, como uma companhia e para poder ter tudo a tempo e há hora, e juntou-se com uma senhora conhecida por Zilda, onde conviveu dois anos com ela, e por motivos de adaptação e convivência, a mesma resolveu deixá-lo.

Zé Cabôclo era um homem forte, apesar da sua idade avançada, mas continuava na atividade diária, não se queixava de nada, só de vez enquanto reclamava de um joelho, fora disso era um homem sadio, porém, por volta dos anos 90 ele sofreu uma queda do animal em que andava e foi preciso ir para a rua se tratar, ficou um período de cadeira de roda, sem poder andar, mas logo tudo isso passou e ele voltou a ser um homem de disposição, porem já não queria voltar para o sitio, e foi ficando um tempo na casa de suas Filhas, Maria da Conceição de Oliveira, outrora na de Maria Madalena Maia de Oliveira Pinheiro ou na casa de Maria Francisca de Oliveira da Silva, onde no dia 15 de janeiro de 1998 passou mal e veio a falecer no dia seguinte, 16 de janeiro de 1998,aos seus 86 anos de idade, o corpo foi velado na residência da mesma e a cerimônia fúnebre foi celebrada na Igreja Matriz de Nossa Senhora Das Dores e em seguida sepultado no cemitério São Miguel Arcanjo em Itaú RN.

A última vez que a sua residência pôde contar com muitas presenças de Itauenses, amigos, seus filhos e demais pessoas da família reunidas no seu Sítio, foi justamente em sua homenagem em oração, celebrando a fé e a esperança na Missa pelo 1º Ano de Falecimento celebrada pelo Pároco da época Frei Airton de Queiróz (Em memória) na data 16 de Janeiro de 1999 às  17:00h no cantinho de saudade Sítio Alto Novo, onde ele edificou toda a sua história de vida.

Fostes para Deus em conforto, com sua vida. E não serás esquecido aqui na terra por aqueles que o amam.

*Biografia escrita por Tomé Edson da Silva

Postado por Francisco Veríssimo - Blog Fatos de Itaú-Portal Fatos do RN

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